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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Noite de autógrafo do meu livro de contos


Comunicado aos meus leitores!

Dia 15/12/2010 foi a noite de autógrafo do meu livro “Do anonimato ao estrelado” da Coleção Immaginare editado pela Madio Editorial. O evento foi na Casa das rosas a Av. Paulista em São Paulo – Capital.

Leia a resenha da obra:

Uma das qualidades deste livro é o dinamismo da narrativa e o humor. As histórias são muito divertidas, no entanto, não deixa de também abordar algumas manifestações claras ou implícitas do sentimento de desespero do ser humano para conquistar ou reconquistar a mulher amada.

Em função da forma apresentada pelo autor, a leitura flui com animação e graça. Os textos relatam desde uma brincadeira amorosa, em um modelo de carta formal, bem como com a gramática da Língua Portuguesa, passando pelas peripécias dos animais domésticos até o chegar causos sertanejos com o matuto do sertão João Carcule.

Este livro se apresenta como uma grande oportunidade para o leitor dedicar seu pouco tempo de lazer na leitura e se deliciar na medida em que se encontre com a imaginação de uma criança. Saberá sobre a ISO 9000 pra cachorro, lerá algumas reflexões sobre os marginalizados e também conhecerá as brincadeiras feitas com algumas letras de melodias de autores conhecidos como João Bosco, Roberto Carlos, entre outros da música popular brasileira. Nem o famoso Camões escapou desta humorada brincadeira. Todas as narrativas são contadas numa linguagem simples e ágil.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Premiação do concurso: Contos: a arte em palavras

Madio Editorial

Prezado Autor

Ademar oliveira de Lima

A noite de lançamento do livro do Concurso “Contos: a arte em palavras”será no dia 15 de dezembro de 2010, na Casa das Rosas, localizada na Avenida Paulista, 37, Bela Vista - São Paulo, das 19:30h às 21:30h.

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Eu convido a todos os meu leitores para essa festa de lancamento do Livro " Contos: a arte em palavras" no qual fui classificado em primeiro lugar com o conto"Solteiros morrem na igreja"

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Saiu o meu livro de poesia : Veja

A contenda: Coração x Razão

Por: Sartório Wilen

A obra é uma manifestação de um eu multifacetado pelo mundo moderno que ao olhar a realidade pautada pelos seus sentimentos, como câmera fotográfica sai disparando imagens poéticas para todos os lados e cantos do seu interior e da sua realidade. Também passa pela reflexão sobre o labutar do artista com a palavra, na medida em que relata o sofrimento e o prazer de escrever. Abre o seu coração também para discutir a própria incapacidade do código linguístico de expressar totalmente a realidade e os sentimentos do ser humano.


Autor: Sartório Wilen Tema: Poesia, Literatura Nacional Palavras-chave: amizades, amor, desiusão, metalingüagem, paixao, politica, reflexão, soneto
Número de páginas: 83
Peso: 173 gramas
Edição: 1(2010)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Àguas de Janeiro!!

Águas de Janeiro

Bernardo, já velho e abandonado no asilo, olhava a chuva de janeiro, seus olhos miravam numa guia de sarjeta as sujeiras que rodavam na enxurrada. Lembrava-se com alegria os momentos que passara com seu neto nas férias do ano anterior.

- Vovô, as chuvas das férias são lindas, não?

- Sim Candinho, não há adjetivos que consigam qualificá-las, muito embora as donas-de-casa não pensem assim. As locuções as condenam.

- O que são locuções, vovô?

-Um Modo especial de falar, linguagem usada pelos falantes.

- Meu pai já comprou os livros da Sétimo ano e no livro de Português está escrito Locução Adjetiva.

- É, Locução Adjetiva faz parte dos Adjetivos, lembra? Aqueles que qualificam os Substantivos?

-Sim, tranqüilamente, o Adjetivo fala da qualidade, do estado e até mesmo do lugar de origem da pessoa. Certo, Vô?

- Certo! A pessoa que nasceu na Espanha é espanhol e esta palavra é um adjetivo pátrio. Agora, Locução Adjetiva é também um adjetivo sabia?

- Meu professor não falou nada disso ainda!

- Falará neste ano, mas eu vou te adiantar algumas coisas para você, se te interessar é claro!

- Claro, Vô! Meu pai diz sempre diz que aprender nunca é demais.

- Locução Adjetiva é um adjetivo com mais de uma palavra.

- Como assim?

- Por exemplo: Amor de mãe, amor entre irmãos, amor de pai, são locuções, pois estão qualificando o tipo de amor sentido, portanto são adjetivos compostos de duas palavras! E tem mais ainda, poderão ser até de mais de duas palavras.

- Mas, Vô! Se tem função de adjetivos, posso então, transformar a locução em adjetivos?

-Claro que pode! Porém, algumas sim, outras não. Vejamos o exemplo que já comentamos:

Amor de mãe = amor materno

Amor de irmão = amor fraterno

Amor de pai = amor paterno.

- Sapatos sem meias, folha de papel, sacola de pano, são Locuções Adjetivas?

- Sim, claro! Os substantivos estão sendo qualificados por duas palavras. Gostei dos seus exemplos, essas locuções encaixam perfeitamente nos casos que não podem ser transformados em um adjetivo, pois não se encontram para cada um, adjetivo que corresponda.

- Sabe Vô! O Senhor é tão inteligente quanto o meu professor!

- Obrigado meu neto, você acaba de usar o grau do adjetivo! Você usou o grau comparativo de igualdade.

- Nem sabia que ele tinha grau!!

- Então você é menos inteligente que a sua irmã!

- Pô! Agora você pisou na bola comigo, vovô!

- É só um exemplo do grau de inferioridade.

- Eu sabia que era um pequeno exemplo. Eu sou inteligentíssimo!!!!

- Agora você usou um adjetivo superlativo absoluto.

- Nossa Vô! Esse negócio não tem fim!

- Não tem! São como as Chuvas de Janeiro... É como a Solidão do asilo... é um estar Sozinho com as pessoas...

Uma lágrima rolou do rosto do velho, misturou-se com os pingos da chuva e seguiu na enxurrada à procura e à espera do neto. Filhos, parecia não tê-los.
(Santiago Derin)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Estoque vazio !!

Estoque vazio

Um homem obeso, de estatura mediana, aparentado uma certa preocupação, o que é normal aos populares nos dias de hoje, entrou numa loja e foi logo pedindo:
- Eu quero um adjunto.
- De que tipo senhor? - respondeu solícito o vendedor.
- Ora , mas tem mais de um tipo?
- Perdão senhor, mas agora temos de dois tipos.
- Mais essa! Já inventaram outro tipo!?
- Pois é senhor, a língua tem evoluído muito...
- Evoluído!? Tem é atrapalhado muito a vida da gente! Dê-me logo um.
- Perdão senhor, eu preciso saber qual, do contrário acabo vendendo uma mercadoria errada ao senhor, aí vem as reclamações, eu acabo perdendo meu emprego e o senhor sabe, nos dias de hoje, não está fácil arrumar outro..
- Está bem, esta bem! Quais são os tipos?
- Bom, temos o Adjunto Adnominal, que é aquele que é muito usado para caracterizar ou determinar os substantivos.
- E é bom?
- Muito! Na análise sintática, existem várias peças morfológicas que fazem de adjunto adnominal tais como: artigo, numerais, pronomes e adjetivos.
- Puxa, eu não imaginava que essa área tinha evoluído tanto! O senhor pode me mostrar um?
- Claro, veja esta frase: “VOCÊ É MEU GRANDE AMIGO.”...
- Eta frasezinha sem graça, sem originalidade!
- É verdade, mas é a única amostra que temos nesse momento, o autor, quer dizer, o produtor anda meio cansado .
- Está bem , continue .
- Então , como o senhor pode observar , a palavra grifada nesta frase ,”GRANDE” , é um adjetivo mas na análise sintática , tem a função de adjunto adnominal , pois está caracterizando um substantivo , “AMIGO” .
A marca ADNOMINAL , vem da palavra “nome” , que é como chamamos um substantivo na gramática .
-Parece mesmo um bom material . Pode embrulhar , vou levar esse !
- Mas o senhor não quer ver o outro ?
- O senhor não disse que este é muito bom !?
- Disse mas é minha função, ou melhor, é minha obrigação mostrar todos os tipos que temos na loja, do contrário, o cavalheiro leva esse, acaba não gostando , e ai vem as reclamações e ...
-Já sei , já sei ! Aí o senhor perde o emprego e tá... tá...tá...tá, já conheço bem todos os discursos . Vamos lá mostre - me o outro .
- O outro é o ADJUNTO ADVERBIAL...
-Este eu conheço! É adverbial porque está em função do verbo da oração!
- Exatamente , e quem exerce essa função , na análise sintática , são os advérbios . Quer ver a amostra?
- Não é sua função mostrar-me ?
- Sim, claro !
- Então manda !
- Veja , essa amostra de frase: “O BALÃO CAÍA LENTAMENTE “.
- Nossa , essa amostra está horrível, pior que a outra . Acho que está na hora de aposentar este autor, ou melhor , este produtor!
- Para o senhor ver , hoje em dia qualquer um escreve , quer dizer , produz! Que saudades dos velhos tempos!
- Mas vá lá! Explique -me como funciona.
- É o seguinte , o senhor está vendo a palavra grifada?
- Sim , “LENTAMENTE”.
- Então , essa palavra , na morfologia , é um advérbio , mas na analise
sintática é um adjunto adverbial , pois está função de modificar o verbo “CAIR” .
- Parece ser muito bom também!
- Excelente!
- Então vou levar um de cada, pode embrulhar!
- Não temos!
- Como não tem!?
- Só amostras!
- O senhor me faz perder todo esse tempo aqui, me confunde com os tipos de adjuntos e no final diz que não tem!!!
- É que está é a minha função, o senhor entende, se eu não explico os tipos com os quais trabalhamos, vêm as reclam...
- Ora, pois passe bem!!!
- Espere, o senhor não quer dar uma olhadinha num “Aposto”..? Mas que gente apressada!

( JOÃO CARLOS DE MENEZES)

Uma indefinição bem aceita !!

Uma indefinição bem aceita

Ouvindo a buzina do carro, terminou de se arrumar depressa e desceu as escadas correndo. Ao passar pela sala, feito um foguete, a mãe a parou:
- Onde a senhora pensa que vai?
- Vou sair, mamãe!
- Posso saber com quem?
- Com alguém, é claro.
- Minha filha, a época que fiz a 6ª série, eu aprendi que, alguém é um pronome indefinido, aqueles que refere-se sempre a uma terceira pessoa de modo muito vago, impreciso, portanto que não diz nada. Seria possível você dar uma resposta mais concreta?
- Ora mamãe , vou sair , com turma toda .
- Continua indefinido , inclusive a palavra toda. Não diz nada.
- Que coisa ! Como é chato ter mãe que é professora de português!
- Chato ou não , ainda quero saber com quem você vai sair e onde vai ?
- Já falei ,vou sair com alguns amigos a vamos a algum lugar.
- Quer parar de me enrolar com essa indefinição toda , alguns ,algum ! Se não responder corretamente ,não sai e isto está definido.
A moça , vendo que não tinha jeito , resolveu se explicar melhor , apesar da raiva que estava sentindo.
-Está bem , mamãe. Vou sair com o Ricardinho .
- Aquele que é filho de um médico famoso , que passou outro dia na TV, falando sobre um congresso que presidiu na Alemanha? Perguntou a mãe com os olhos arregalados.
- Este mesmo ,mamãe .
- Dizem que são muito ricos.
- Ricos não mamãe, são milionários. Posso ir agora, mãe ?
- Claro, filhinha ! Vai sim não deixe o rapaz esperando tanto tempo Ah! só mais uma perguntinha filha onde vocês vão ?
- A um lugar qualquer , mamãe !
- Qualquer ?
- É qualquer, mãe. Tchau ! - e sai apressadamente
- Nada como uma resposta bem definida .
(JOÃO CARLOS DE MENEZES )

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Situação crônica!!

Situação crônica

- Outra vez não!!

Esta foi a exclamação do dono do bar ao ver dois indivíduos entrando no estabelecimento. Fiquei surpreso com a atitude, pois os dois fregueses não aparentavam ser problemas. Eram duas horas da manhã quando chegaram. Não percebi também alguma mudança na face do proprietário da casa. Sentaram-se os dois. O garçom foi atendê-los:

- Pois não!

- Dois uísques! Um com gelo e o outro sem...

- Quem são os dois? – perguntei ao garçom.

- Dois escritores. – Respondeu secamente.

Apesar da resposta do funcionário, senti-me a vontade, pois cronista documentado e sem assunto e com necessidade de escrever para o jornal obrigaram-me a perambular pelas ruas em busca de motivos. Não contive o ímpeto de me relacionar com eles, porém ao ver o aviso na parede do bar:

“ Aqui reúnem-se escritores de todos os gêneros literários, mas somente depois da briga”.

Segurei o ímpeto no ímpeto. Calculei ser os dois a razão do cartaz. O dono do bar, bigodudo e de traços luso, percebeu o meu comprtamento e indagou:

- Conhece os dois ali?

- Não!

- Na vez passada, os dois sentaram-se no mesmo lugar e a mesma hora. Trocaram algumas teorias literárias e mais tarde alguns sopapos que nem mesmo as estruturas literárias os suportaram – Dizia o português com um ar de preocupação – essas atitudes pegam mal para um estabelecimento comercial!

Indiferentes ao dono do bar, os dois bebiam tranquilamente, apesar de já chegarem meio de pileque de um outro boteco, segundo constatei depois. Então desenrolou a conversa ou melhor a discussão:

- Agora eu estou escrevendo crõnica!

- Já fracassou no romance e vai fracassar na crônica!

- Deixe de ser despeitado! Só porque você não sabe escrever contos, já pensa que todos são incapazes!

- Não revire defunto adormecido! Você nem sabe o que é crônica!!

- Como não! A Crônica oscila, pois , entre a reportagem e a literatura, entre o relato impessoal, frio, descolorido de um acontecimento trivial e a recriação do cotidiano por meio da fantasia!

Respondeu com pompas , como se as palavras de Massaud Moisés fossem suas.

- Você é um equilibrista do cotidiano...

Afirmou o outro com desdém.

- Exatamente! – Sem titubear concordou o outro – Sou um equilibrista do cotidiano, porque um cronista faz o que quer! Inclusive uma crítica de um filme, de uma peça teatral , de um livro de arte...

- Eu disse equilibrista de um copo de uísque e não equilibrista da crônica!

- Você em outras palavaras está querendo dizer que eu sou um alcoólatra contumaz!

- Não! De jeito nenhum! Eu estou apenas falando que equilibrando copos, não vai sobrar tempo para você escrever.

- Ora, você é um ciumento mesmo!

- E você, quantos livros já escreveu? E quantos foram publicados?

- Tenho oito livros adormecendo em meu computador para serem levados para editora na hora certa!!!

- Depois de morto...

- Ah...

- Nada!

- Ainda bem... A crônica é um gênero literário com vida curta, dura apenas o tempo de uso do jornal, um dia...

- No seu caso durará segundos! O leitor ao ler o primeiro parágrafo pensará e desistirá!!

- Ultimamente a crônica tem merecido a atenção não só porque apresenta qualidades literárias , como busca a perenidade do livro, é o caso de Rubens Braga , Fernando Sabino, Sergio Porto, este com o famoso codinome Stanislaw Ponte Preta, que você muito conhece, Luis Fernando Verísimo e por aí vai...

- E, presumo, você agora!

- Ignorante como voce é, merece saber que há vários tipos de crônicas: A narrativa cujo eixo é a história o que a aproxima do conto. Um outro exemplo é a crônica metafísica construída de reflexões mais ou menos filosóficas...

- Que interessante! Ele joga com as palavras dos teóricos! Agora tá fazendo suas as palavras de Flore Bender e Ilka Laurito.

- Crônica-poema-em-prosa de conteúdo lírico, mero estravasamento da alma do artista ante ao espetáculo da vida! Há também a crônica comentário dos acontecimentos!

- Ah! A crônica dos ineptos!

O dono do estabelecimento já inquieto, prevendo uma nova confusão, sentiu um vislumbramento, resolveu me apresentar aos dois. Segundo ele, eu poderia minimizar as diferenças entre eles, afinal eu também era escritor.

Por que é que eu fui dizer ao português que era cronista? Também era só o que poderia acontecer numa madrugada sem assunto, arrumar assunto com dois bêbados! Pensando bem, acabara de achar um motivo para uma crônica! Ruminei esses pensamentos e entrei na conversa:

- Não pude resistir a ouvir a conversa de vocês e ao prazer de participar dessa mesa redonda!

- Olha, meu senhor, a mesa aqui não é redonda conforme o senhor pode ver!!

Disse um deles com um olhar de reprovação. Em seguida repliquei:

- Fiquem tranqüilos... o que eu ouvi dos dois me deixou muto contente, pois há horas que estou andando preocupado buscando uma conversa, um assunto e vocês aqui transbordando conhecimento sobre crônica, foi o que me chamou a atenção!

- Então você acha que eu tenho valor enquanto escritor? – Idagou um deles.

- Não conheço os seus escritos , porém pelos conhecimentos teóricos que eu ouvi, acredito que sim!

- Eu já escrevi um conto, será que o senhor não daria uma olhadinha e, quem sabe, um empurrãozinho...

- Só se for para o abismo – ironizou o outro.

- Se vocês pararem com a discussão, eu prometo uma coisa aos dois!

Prontamente concordaram movimentando a cabeça positivamente, o que fez abrir um sorriso enorme nos lábios do dono do bar. Continuei a dizer:

- Eu vinha de não sei onde e de um sonho depertei ansioso no meio da noite sem lua quando vocês dois me tiraram da agonia, dando um motivo para a minha crônica!

- Você escreveu agora a crônica!?

Quase que uníssonos e com as mesmas palaras indagaram os dois.

- Exatamente vocês dois são as personagens.

- Então nós dois somos as personagens da sua crônica?... Que você escreveu ... Agora?

- Claro! O cronista é livre para escrever o que quiser, é escravo do papel a ser preenchido. Eu sentei-me ali naquele naquele banco em frente ao balcão e fiquei olhando para vocês e de vocês emanou o texto.

Os dois se olharam, Observara-me , fizeram um sinal para o garçom e um deles finalizou:

- Vamos embora companheiro que este cronista é muito inferior a nós.
(Santiago Derin)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sacarívoro !!

Sacarívoro!!

O homem gosta muito de falar
Mas não muito de escrever
Da fala ele pode se redimir
O ato é dotado de emoção!!

O poeta gosta de falar
Muito mais de escrever
Na escrita pode mentir
Escrever é pela razão

Eu como aprendiz da escrita gosto
Eu como aprendiz de poeta posto
E como aprendiz a palavra eu tosto

Muita teimosia em mim aposto!
A poesia sai da uva como mosto
E dessa fermentação, mais eu gosto
(Ademar Oliveira de Lima)

Publicado no site: O Melhor da Web

Acento ou assento !!

Você já ouviu falar em encontro vocálico? Então esta é uma grande oportunidade de conhecer!!!


Acento ou assento?

Era uma vez... Não! Eram duas vezes... Ou... Quantas vezes? Ora quantas vezes o leitor quiser! Um rapaz tímido de poucas palavras. Chamava-se Tritongo e que, por circunstancias várias, mudara para uma cidade interiorana.

- Táxi! Táxi!!

- Para onde? Perguntou o motorista!

- Para a Alameda Oxítona 111!

Não rodaram muito e já chegaram. Seu parente o recebeu com a mesma festa que proporcionara ao irmão, instantes antes, em férias escolares. Os dois primos eram diferentes dele, alegres espertos, falastrões, mas de um contraste notório e esquisito entre ambos.

Um dos primos chamava-se Ditongo. A sua estatura era interessante ora era crescente ora era decrescente variava conforme as circunstâncias. Este fato o tornava engraçado. O outro era grande, sua cintura era estranha parecia não existir, quando falava a parte superior descolava da inferior provocando um intervalo no meio. Chamava-se Hiato.

O dia seguinte foi cheio. Foram ao clube perto da praça das Paroxítonas . As arquibancadas do Ginásio Morfológico estavam lotadas, era a grande decisão do campeonato de Vôlei entre as seleções do Paraguai e Bolívia.

- Paraguai! Paraguai! Paraguai! – Gritava o Tritongo.

O Ditongo preferiu a Bolívia, a razão eram as pernas grossas e a simpatia das garotas da equipe. O Hiato sumiu! Levara consigo um assento, não gostava muito de sentar na arquibancada gelada e dura.

O jogo foi muito emocionante Parecia um jogo de um empate pela animação da torcida, a diferença foi somente na quadra. As meninas da Bolívia tinham mais técnica, porém estavam muito nervosas e sucumbira diante de uma equipe mais inferior, entretanto com uma regularidade de acertos acima da média. Final 3 x 0.

Fim do jogo. Apareceu o Hiato muito nervoso e já sem o assento, tinham-no roubado em uma briga que arrumara com um cara musculoso, bem acentuado, morador da Avenida Paroxítona, Terceira Silaba. Apto 03, como repetia a todo instante e nervosamente ao ouvido do Hiato, algumas vezes dava-lhe ainda reiteradas batidas com o acento na barriga do coitado.

Nervosos, tritongo e os primos pensaram em retirar-se. Hiato não se conformava em ter pedido o acento, achava que sem ele, perderia a identidade. Tritongo ficara nervoso pelo primo, entretanto não levara assento. Ditongo muito precavido ao sair de casa, também não levara um assento, porque somente usava o acento dependendo das circunstâncias. Porém agia de forma estranha, tenso o seu corpo encolhia como tartaruga que a voz nem conseguia sair da sua boca, e surpreendentemente, quando saía eram apenas poucas palavras que as vogais permaneciam na mesma sílaba.

Uma viatura da polícia, que fazia segurança no local, levou os quatro para a 26ª Delegacia. O delegado, Dr. Orto Gráfico, entrou na sala observou os quatro e perguntou:

- Afinal, é um problema de assento ou de acento?

Os quatros se olharam e ficaram sem entender a pergunta. Como não responderam o delegado deu o caso por encerrado, não antes de dar uma aula de encontro vocálico ao grupo e em seguida dispensou todos. Saíram os quatro mais uma vez sem entenderem nada!
(Santiago Derin)

A gramática entrou pelo cano !!

Já enfrentou um alagamento gramatical? Na sua posição já teve problemas com preposição? Então leia o texto abaixo:

A gramática entrou pelo cano!!

- Pai! Dá para o senhor pagar uma professora particular para mim?

O pai, que acabara de chegar e nem tinha ainda respirado o oxigênio do lar, olhou para a esposa sem entender e em seguida dirigiu a palavra ao filho:

- Meu querido filho, você já está na escola pública, porque não temos dinheiro para pagar uma escola particular. Como vou tirar dinheiro do salário pra pagar uma professora particular?

Os olhos do menino lacrimejaram ao ouvir as considerações do pai e as lágrimas atingiram como uma bola de canhão o coração do velho, que prometeu até arrumar uma solução:

- Qual é o problema, filho?

- Preposição!

O pai torceu o nariz, pois aquele assunto pertencia à gramática e essa era também, para ele, uma questão não resolvida desde a época de estudante. O homem quase não dormiu a noite, estudava uma maneira prática de ensinar o conceito e a função dessa classe gramatical.

O sol raiou com o sorriso do menino nos lábios, também pudera, são poucos os pais que se prontificam a estudar com os filhos. Aguardava ansiosamente o momento. O pai abriu o livro na página 45 e leu o enunciado:

- "Preposição é a palavra invariável que liga dois termos"! - Pensou um pouco depois continuou - Eu não entendo muito bem da Língua Portuguesa, mas vamos tentar entender brincando com alguns canos no quintal!

Os olhos do menino brilharam naquele momento. O pai saiu e retornou logo em seguida com alguns tubos velhos de PVC e algumas conexões, em seguida foi até a mangueira de água, sob o olhar de admiração do filho, conectou um tubo no outro diante do olhar de incredulidade da mãe, que por mais que se esforçasse, não conseguia ver a ligação entre a gramática e o alagamento do quintal. Logo que a água começou a tomar conta do quintal, o pai já ouviu a primeira crítica sobre a sua estratégica pedagógica:

- Só faltava essa! Tamanho marmanjo brincando com água!!

Rindo e já molhado argumentou sem muita segurança:

- Não é brincadeira é uma aula sobre Preposição!!

O homem mostrava ao filho que o líquido transitava normalmente até o ponto da emenda, a partir dali era um esborrifar incessante de água para todos os lados. Olhou para o menino, que a esta altura já estava todo molhado e num sorriso só, e pai perguntou-lhe:

- Sabe por que a água está vazando na emenda?

- Não! E não estou vendo nada de Preposição!

- O vazamento é ocasionado pela falta da conexão perfeita entre os dois canos! Vou colar um conectivo entre os canos e depois da secagem da cola faremos um teste!

O pai lixou cuidadosamente a parte interna do conectivo lixou também as duas pontas externas dos canos a serem coladas. Colocou colas no conectivo e nas pontas dos canos e juntou-os. Não esqueceu de aproveitar e ensinar o trabalho de um Encanador.

- A gente lixa bem essas partes para proporcionar uma melhor colagem, é a mesma coisa que se faz com as palavras. Não com a lixa, mas escolher bem ela para obter a melhor ligação! Uma conexão perfeita entre os termos. É isso que se faz com as preposições!!

Sob os olhos abertos do filho, o pai fez a colagem. Esperou alguns minutos e ligou a torneira novamente, O líquido percorreu toda a extensão da mangueira sem que houvesse um vazamento sequer no local da emenda. O filho olhou a cena e com um semblante de interrogação falou:

- E como eu aplico essa teoria dos canos na gramática?

- Simples! Pegaremos duas palavras, por exemplo, o verbo "gostar" e o substantivo "doce" e com estas palavra formaremos a frase "Gosto doce"! Está vendo filho! Estas palavras não se encaixa perfeitamente, tal como no início da nossa experiência com os canos! Teremos então de observar o sentido que queremos dar a frase e localizar uma preposição que se encaixe perfeitamente entre as duas palavras e dê o sentido desejado.

Em seguida pegou um papel e escreveu três frases:

- Observe estas frases:

a) Gosto com doce!

b) Gosto para doce!

c) Gosto de doce!

Continuou:

- Olhe bem e procure o sentido destas frases. Verifique qual delas possui uma ligação perfeita, como as dos canos em nossa experiência!

- As três estão certas pai!

- Não filho, preste atenção no sentido! A letra "a" depende de uma informação anterior, o mesmo o corre com a letra "b"! A que restou é a letra "c" pois depende de si própria, já que a conexão entre os termos pela preposição "de" é perfeita!... Este é o fundamento da preposição, é a de ligar os termos entre si conforme o sentido desejado!

O pai olhou para o filho e aguardou. O garoto ainda com a testa franzida não disse nada. Esperou mais um pouco e perguntou:

- E então filho?

- Lindo pai! Gostei muito da aula de encanamentos e de preposição!!

- Foi o máximo que eu pude fazer!!

- Posso pedir mais uma coisinha para o senhor, pai?

- Sim filho!

- Na semana que vem, vou ter aula de advérbios! Não jogue fora os canos que a gente pode precisar!!
( Santiago Derin)

Diacronização !!

Diacronização

Eu convoco Vossa Mercê para me ouvir
Não que Vóis Mercê não tenha participado
É que Vós Mecê faz parte da minha pátria
Você é meu irmão e não ficará à míngua

Se Ocê não puder ou não lhe convier admitir
Saiba: Cê estará lá se houver palavreado
Porque é brasileiro e faz parte da mátria
Eu e Cê temos grandes papéis nesta língua

Eu e Ocê somos responsáveis por isso
Sou um falante tanto quanto o é Você
E Vós Mecê sabe e muito bem disso!

A Língua Portuguesa vem desde a colonização
Todos os irmãos sabem inclusive Vossa Mercê
Somos as marcas eu e Vóis da diacronização
(Ademar Oliveira de Lima)

Publicado no site: O Melhor da Web

Aula particular !!

Gratis!!! Uma aula de português para quem gosta de facilidades!


Aula Particular


Numa das salas de aula da N.G.B., entre um copo de suco e outro, quatro indivíduos discutiam suas situações, o assunto era: a dificuldade de relacionamento com os demais, pelo poder do sentido que tem de cada um dos envolvidos.

Na mesa ao lado, um estudante, de primeiro grau, ávido em bisbilhotar as conversas alheias, "ser todo ouvido" era o seu intento.

Dizia então o Verbo Transitivo Direto e Indireto:
- Eu não gosto do meu papel na sintaxe, porque me chamam de verbo pobre, simplesmente pelo fato de precisar de dois objetos: um direto e outro indireto, para me completar o meu sentido. Isto é muito desconfortável. Eu sou um verbo importante, ninguém ousa me descartar da oração. Caso o façam, ela perderá o sentido!

O verbo Intransitivo não pode conter um riso irônico no canto da boca, observado pelo Verbo Transitivo Direto. Este argumentou:
-Você ri da desgraça alheia, porque sua situação é cômoda, confortável. Você não tem problemas, é rico em sentido, não depende de complemento!

Ele, vexado, ainda com um riso amarelado do flagrante, tratou de reorganizar-se, e defender-se:
- A minha situação não é diferente, ás vezes sinto na pele a invasão do predicativo do Sujeito em meu predicado, saturando o saco no meu espaço e dividindo comigo a importância nuclear, transformando o meu predicado em Predicado Verbo-Nominal, que até então, era Predicado Verbal!

O calor da discussão amenizou quando entrou na porta o Verbo de Ligação, todo sorridente e bem trajado. Os outros o olharam com desprezo, porém com uma ponta de curiosidade, tanto que um deles jogou uma pergunta no ar:
-Qual seria o motivo da alegria desse bisbórria!?

Não suportaram a curiosidade e com uma outra pergunta agora mal educada o inquiriram num coral bem afinado:
- Porque um tonto fica alegre?!?

Sem perder o humor respondeu com classe e sabedoria:
- Como sempre o assunto de vocês deve ser o poder, a importância dentro do sistema da língua! Pois eu lhes digo e afirmo, não me preocupo com o poder, mas sim com o efeito que produzo com minha presença na oração e até mesmo com a minha ausência na oração. Na presença ligo o substantivo ao adjetivo, dois amigos inseparáveis e os deixo felizes. Na minha ausência colaboro com o estilo do autor... Concordam?

O Verbo Transitivo Indireto pensou na sua condição de precisar sempre de apoio da preposição para ligá-lo ao objetivo indireto, O mesmo aconteceu na cabeça do Verbo Transitivo direto em relação ao seu objeto direto, não diferente com o verbo Intransitivo. Continuou o Verbo de Ligação:
- Sou importante ou não, depende do meu leitor, pois o significado não está no TER sentido, mas no SER sentido!

Os quatro entreolharam-se sem entender... Ao sair disse que o faria, por ter hora marcada com um Predicado Nominal e que na mesma hora, teria um compromisso com uma ausência em um Predicado Verbo-Nominal.
Ouvindo isso, os outros verbos murcharam a bola e foram trabalhar em suas orações. O estudante, que assistira entusiasmado um tratado de Sintaxiologia, saiu animado para uma prova de Análise Sintática.

Batalha intelectual !!

Batalha intelectual !!

É trabalho poético e sem honorário
Eu luto até com as silabas tônicas
Das palavras e as troco, conforme
A ideia do meu tema perseguido!

É uma dura batalha como disse Onário:
-É vasculhar várias selvas amazônicas!
E só, fico a penar numa canseira enorme
E me rasgo numa luta intelectual comigo,

O real sentimento é sempre indizível!
Os vocábulos fazem o que pode nas lavras
Para interpretar o interior do ser humano!

Porém, diante do obstáculo intransponível,
Me disse Onário: - É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar o silêncio do mundano!!
(Ademar Oliveira de Lima)

Publicado no site: O Melhor da Web

A virose !!

A virose !!

- Por que essa cara, Professor?

- Seu texto está doente...

- Como?? Não sabia que existia doença num texto!

- Seu texto está acometido de queísmo e ocaso é grave.

- O estado dele é grave... quem imaginava isso...

- Nada que uma boa dose de atenção e alguns exames não resolvam!

- Nunca ouvi falar dessa doença!

- São várias as doenças e bem comum entre alunos do Ensino Fundamental e até, quando não bem tratadas, resistem até o Ensino Médio...

- Alguns textos já morreram por causa dessa doença?

- Sem dúvida! Alguns não conseguiram ser lidos nem até a metade!

- E como morre um texto?

- Morre no abandono, morre à mingua, corroído pelas traças ou sucumbe no lixão.

- E quais são os sintomas de um texto com essas doenças?

- É comum esses textos apresentarem o uso excessivo do “que” e do “mas” e até do “mais”, o que denota uma falta de atenção muito grave de quem está construído o texto, revela uma falta de leitura do próprio rascunho. Vejamos o seu texto, por exemplo: “ Ele gostava do brinquedo, “mais” o deixava de lado.” - Nesse trecho já aparece um sintoma grave...

- Sério??

- Perceba que estamos diante de um Período Composto (duas orações) e que tem, como elemento de ligação das orações, uma conjunção que estabelece um ideia de contrariedade, portanto uma “conjunção coordenativa adversativa” o “mas” e se verificarmos na frase veremos que você não passa ao leitor a idéia de contrariedade: a pessoa gostava do brinquedo, porém, por um motivo ou outro, deixava-o de lado. Assim sendo, no seu texto ao aparecer a palavra “mais” mudou o sentido. Ela tem outra função, não a de estabelecer a contrariedade.

- É isso mesmo, Professor, eu nem tinha percebido!

- Tecnicamente chamamos isso de influência da oralidade, o grande vírus causador dessas doenças...

- O que é essa tal de oralidade, Professor?

- É o falar coloquial, usado pela pessoas no cotidiano, é perceptível na fala de qualquer indivíduo...

-Então todos têm vírus, até o Professor?

-Sim, e por isso é preciso estar atento e não deixa-lo tomar conta da linguagem escrita. Mas essa situação é mais acentuada entre os alunos de classes sociais menos favorecidas.

- Por quê?

- Porque há uma despreocupação com as regras da língua, e isso acaba influenciando a linguagem escrita. Normalmente, os estudantes dessas classes têm pais com baixa escolaridade, por isso lêem pouco, não assinam jornal e tem pouco contato com outro veículo de informação, a não ser a TV, que nesse sentido ajuda pouco. Assim o nível de informação é menor e os erros na linguagem escrita tornam-se constantes, pois são repetições da linguagem oral.

- E não tem solução?

- Do jeito que anda a educação e a situação econômica é bem provável que o problema se mantenha como uma herança de geração para geração.

- Hum...Entendo! Puxa é importante essa questão da linguagem escrita. Mas voltando ao meu texto o que mais ele tem Professor?

- Bem ele apresenta ainda o uso excessivo da conjunção “mas”, onze vezes! O que chamamos de texto sanfona: um vai-e-vem provocado pelas contrariedades expressas por essa conjunção. Os alunos que fazem esses textos são verdadeiros sanfoneiros...

- É o meu caso!...

- Sem dizer que o seu texto apresenta o “queísmo”: O exagero no uso dos quês.

- O que é que tem? A oralidade de novo?

- Sim. Veja bem, essa palavra é usada como um facilitador mais importante na comunicação, pois uma de suas principais funções é a de relacionar com os outros ou com os termos anteriores. Em gramática é chamado de pronomes relativos...

- Relativo a algo, significa palavra anteriores!?

- Isso mesmo, mas pode aparecer com outras funções, na verdade são 27 funções segundo o Professor José Perea Martins.

- Nossa! Que palavra importante!!

- Ela é tão importante que, para usa-la, devemos pensar se realmente ela é necessária naquele lugar, pois poderemos precisar dela com uma importância maior em outros trechos.

- Sabe Professor a partir de hoje, vou prestar mais atenção nas aulas de Redação. Até então eu só copiava os rascunho, nem ligava para o “quê” e o “mas” da vida...

- Pois então comece agora!

- Com prazer Professor!

- E com poucos “quês” !!
(Santiago Derin)