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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sacarívoro !!

Sacarívoro!!

O homem gosta muito de falar
Mas não muito de escrever
Da fala ele pode se redimir
O ato é dotado de emoção!!

O poeta gosta de falar
Muito mais de escrever
Na escrita pode mentir
Escrever é pela razão

Eu como aprendiz da escrita gosto
Eu como aprendiz de poeta posto
E como aprendiz a palavra eu tosto

Muita teimosia em mim aposto!
A poesia sai da uva como mosto
E dessa fermentação, mais eu gosto
(Ademar Oliveira de Lima)

Publicado no site: O Melhor da Web

Acento ou assento !!

Você já ouviu falar em encontro vocálico? Então esta é uma grande oportunidade de conhecer!!!


Acento ou assento?

Era uma vez... Não! Eram duas vezes... Ou... Quantas vezes? Ora quantas vezes o leitor quiser! Um rapaz tímido de poucas palavras. Chamava-se Tritongo e que, por circunstancias várias, mudara para uma cidade interiorana.

- Táxi! Táxi!!

- Para onde? Perguntou o motorista!

- Para a Alameda Oxítona 111!

Não rodaram muito e já chegaram. Seu parente o recebeu com a mesma festa que proporcionara ao irmão, instantes antes, em férias escolares. Os dois primos eram diferentes dele, alegres espertos, falastrões, mas de um contraste notório e esquisito entre ambos.

Um dos primos chamava-se Ditongo. A sua estatura era interessante ora era crescente ora era decrescente variava conforme as circunstâncias. Este fato o tornava engraçado. O outro era grande, sua cintura era estranha parecia não existir, quando falava a parte superior descolava da inferior provocando um intervalo no meio. Chamava-se Hiato.

O dia seguinte foi cheio. Foram ao clube perto da praça das Paroxítonas . As arquibancadas do Ginásio Morfológico estavam lotadas, era a grande decisão do campeonato de Vôlei entre as seleções do Paraguai e Bolívia.

- Paraguai! Paraguai! Paraguai! – Gritava o Tritongo.

O Ditongo preferiu a Bolívia, a razão eram as pernas grossas e a simpatia das garotas da equipe. O Hiato sumiu! Levara consigo um assento, não gostava muito de sentar na arquibancada gelada e dura.

O jogo foi muito emocionante Parecia um jogo de um empate pela animação da torcida, a diferença foi somente na quadra. As meninas da Bolívia tinham mais técnica, porém estavam muito nervosas e sucumbira diante de uma equipe mais inferior, entretanto com uma regularidade de acertos acima da média. Final 3 x 0.

Fim do jogo. Apareceu o Hiato muito nervoso e já sem o assento, tinham-no roubado em uma briga que arrumara com um cara musculoso, bem acentuado, morador da Avenida Paroxítona, Terceira Silaba. Apto 03, como repetia a todo instante e nervosamente ao ouvido do Hiato, algumas vezes dava-lhe ainda reiteradas batidas com o acento na barriga do coitado.

Nervosos, tritongo e os primos pensaram em retirar-se. Hiato não se conformava em ter pedido o acento, achava que sem ele, perderia a identidade. Tritongo ficara nervoso pelo primo, entretanto não levara assento. Ditongo muito precavido ao sair de casa, também não levara um assento, porque somente usava o acento dependendo das circunstâncias. Porém agia de forma estranha, tenso o seu corpo encolhia como tartaruga que a voz nem conseguia sair da sua boca, e surpreendentemente, quando saía eram apenas poucas palavras que as vogais permaneciam na mesma sílaba.

Uma viatura da polícia, que fazia segurança no local, levou os quatro para a 26ª Delegacia. O delegado, Dr. Orto Gráfico, entrou na sala observou os quatro e perguntou:

- Afinal, é um problema de assento ou de acento?

Os quatros se olharam e ficaram sem entender a pergunta. Como não responderam o delegado deu o caso por encerrado, não antes de dar uma aula de encontro vocálico ao grupo e em seguida dispensou todos. Saíram os quatro mais uma vez sem entenderem nada!
(Santiago Derin)

A gramática entrou pelo cano !!

Já enfrentou um alagamento gramatical? Na sua posição já teve problemas com preposição? Então leia o texto abaixo:

A gramática entrou pelo cano!!

- Pai! Dá para o senhor pagar uma professora particular para mim?

O pai, que acabara de chegar e nem tinha ainda respirado o oxigênio do lar, olhou para a esposa sem entender e em seguida dirigiu a palavra ao filho:

- Meu querido filho, você já está na escola pública, porque não temos dinheiro para pagar uma escola particular. Como vou tirar dinheiro do salário pra pagar uma professora particular?

Os olhos do menino lacrimejaram ao ouvir as considerações do pai e as lágrimas atingiram como uma bola de canhão o coração do velho, que prometeu até arrumar uma solução:

- Qual é o problema, filho?

- Preposição!

O pai torceu o nariz, pois aquele assunto pertencia à gramática e essa era também, para ele, uma questão não resolvida desde a época de estudante. O homem quase não dormiu a noite, estudava uma maneira prática de ensinar o conceito e a função dessa classe gramatical.

O sol raiou com o sorriso do menino nos lábios, também pudera, são poucos os pais que se prontificam a estudar com os filhos. Aguardava ansiosamente o momento. O pai abriu o livro na página 45 e leu o enunciado:

- "Preposição é a palavra invariável que liga dois termos"! - Pensou um pouco depois continuou - Eu não entendo muito bem da Língua Portuguesa, mas vamos tentar entender brincando com alguns canos no quintal!

Os olhos do menino brilharam naquele momento. O pai saiu e retornou logo em seguida com alguns tubos velhos de PVC e algumas conexões, em seguida foi até a mangueira de água, sob o olhar de admiração do filho, conectou um tubo no outro diante do olhar de incredulidade da mãe, que por mais que se esforçasse, não conseguia ver a ligação entre a gramática e o alagamento do quintal. Logo que a água começou a tomar conta do quintal, o pai já ouviu a primeira crítica sobre a sua estratégica pedagógica:

- Só faltava essa! Tamanho marmanjo brincando com água!!

Rindo e já molhado argumentou sem muita segurança:

- Não é brincadeira é uma aula sobre Preposição!!

O homem mostrava ao filho que o líquido transitava normalmente até o ponto da emenda, a partir dali era um esborrifar incessante de água para todos os lados. Olhou para o menino, que a esta altura já estava todo molhado e num sorriso só, e pai perguntou-lhe:

- Sabe por que a água está vazando na emenda?

- Não! E não estou vendo nada de Preposição!

- O vazamento é ocasionado pela falta da conexão perfeita entre os dois canos! Vou colar um conectivo entre os canos e depois da secagem da cola faremos um teste!

O pai lixou cuidadosamente a parte interna do conectivo lixou também as duas pontas externas dos canos a serem coladas. Colocou colas no conectivo e nas pontas dos canos e juntou-os. Não esqueceu de aproveitar e ensinar o trabalho de um Encanador.

- A gente lixa bem essas partes para proporcionar uma melhor colagem, é a mesma coisa que se faz com as palavras. Não com a lixa, mas escolher bem ela para obter a melhor ligação! Uma conexão perfeita entre os termos. É isso que se faz com as preposições!!

Sob os olhos abertos do filho, o pai fez a colagem. Esperou alguns minutos e ligou a torneira novamente, O líquido percorreu toda a extensão da mangueira sem que houvesse um vazamento sequer no local da emenda. O filho olhou a cena e com um semblante de interrogação falou:

- E como eu aplico essa teoria dos canos na gramática?

- Simples! Pegaremos duas palavras, por exemplo, o verbo "gostar" e o substantivo "doce" e com estas palavra formaremos a frase "Gosto doce"! Está vendo filho! Estas palavras não se encaixa perfeitamente, tal como no início da nossa experiência com os canos! Teremos então de observar o sentido que queremos dar a frase e localizar uma preposição que se encaixe perfeitamente entre as duas palavras e dê o sentido desejado.

Em seguida pegou um papel e escreveu três frases:

- Observe estas frases:

a) Gosto com doce!

b) Gosto para doce!

c) Gosto de doce!

Continuou:

- Olhe bem e procure o sentido destas frases. Verifique qual delas possui uma ligação perfeita, como as dos canos em nossa experiência!

- As três estão certas pai!

- Não filho, preste atenção no sentido! A letra "a" depende de uma informação anterior, o mesmo o corre com a letra "b"! A que restou é a letra "c" pois depende de si própria, já que a conexão entre os termos pela preposição "de" é perfeita!... Este é o fundamento da preposição, é a de ligar os termos entre si conforme o sentido desejado!

O pai olhou para o filho e aguardou. O garoto ainda com a testa franzida não disse nada. Esperou mais um pouco e perguntou:

- E então filho?

- Lindo pai! Gostei muito da aula de encanamentos e de preposição!!

- Foi o máximo que eu pude fazer!!

- Posso pedir mais uma coisinha para o senhor, pai?

- Sim filho!

- Na semana que vem, vou ter aula de advérbios! Não jogue fora os canos que a gente pode precisar!!
( Santiago Derin)

Diacronização !!

Diacronização

Eu convoco Vossa Mercê para me ouvir
Não que Vóis Mercê não tenha participado
É que Vós Mecê faz parte da minha pátria
Você é meu irmão e não ficará à míngua

Se Ocê não puder ou não lhe convier admitir
Saiba: Cê estará lá se houver palavreado
Porque é brasileiro e faz parte da mátria
Eu e Cê temos grandes papéis nesta língua

Eu e Ocê somos responsáveis por isso
Sou um falante tanto quanto o é Você
E Vós Mecê sabe e muito bem disso!

A Língua Portuguesa vem desde a colonização
Todos os irmãos sabem inclusive Vossa Mercê
Somos as marcas eu e Vóis da diacronização
(Ademar Oliveira de Lima)

Publicado no site: O Melhor da Web

Aula particular !!

Gratis!!! Uma aula de português para quem gosta de facilidades!


Aula Particular


Numa das salas de aula da N.G.B., entre um copo de suco e outro, quatro indivíduos discutiam suas situações, o assunto era: a dificuldade de relacionamento com os demais, pelo poder do sentido que tem de cada um dos envolvidos.

Na mesa ao lado, um estudante, de primeiro grau, ávido em bisbilhotar as conversas alheias, "ser todo ouvido" era o seu intento.

Dizia então o Verbo Transitivo Direto e Indireto:
- Eu não gosto do meu papel na sintaxe, porque me chamam de verbo pobre, simplesmente pelo fato de precisar de dois objetos: um direto e outro indireto, para me completar o meu sentido. Isto é muito desconfortável. Eu sou um verbo importante, ninguém ousa me descartar da oração. Caso o façam, ela perderá o sentido!

O verbo Intransitivo não pode conter um riso irônico no canto da boca, observado pelo Verbo Transitivo Direto. Este argumentou:
-Você ri da desgraça alheia, porque sua situação é cômoda, confortável. Você não tem problemas, é rico em sentido, não depende de complemento!

Ele, vexado, ainda com um riso amarelado do flagrante, tratou de reorganizar-se, e defender-se:
- A minha situação não é diferente, ás vezes sinto na pele a invasão do predicativo do Sujeito em meu predicado, saturando o saco no meu espaço e dividindo comigo a importância nuclear, transformando o meu predicado em Predicado Verbo-Nominal, que até então, era Predicado Verbal!

O calor da discussão amenizou quando entrou na porta o Verbo de Ligação, todo sorridente e bem trajado. Os outros o olharam com desprezo, porém com uma ponta de curiosidade, tanto que um deles jogou uma pergunta no ar:
-Qual seria o motivo da alegria desse bisbórria!?

Não suportaram a curiosidade e com uma outra pergunta agora mal educada o inquiriram num coral bem afinado:
- Porque um tonto fica alegre?!?

Sem perder o humor respondeu com classe e sabedoria:
- Como sempre o assunto de vocês deve ser o poder, a importância dentro do sistema da língua! Pois eu lhes digo e afirmo, não me preocupo com o poder, mas sim com o efeito que produzo com minha presença na oração e até mesmo com a minha ausência na oração. Na presença ligo o substantivo ao adjetivo, dois amigos inseparáveis e os deixo felizes. Na minha ausência colaboro com o estilo do autor... Concordam?

O Verbo Transitivo Indireto pensou na sua condição de precisar sempre de apoio da preposição para ligá-lo ao objetivo indireto, O mesmo aconteceu na cabeça do Verbo Transitivo direto em relação ao seu objeto direto, não diferente com o verbo Intransitivo. Continuou o Verbo de Ligação:
- Sou importante ou não, depende do meu leitor, pois o significado não está no TER sentido, mas no SER sentido!

Os quatro entreolharam-se sem entender... Ao sair disse que o faria, por ter hora marcada com um Predicado Nominal e que na mesma hora, teria um compromisso com uma ausência em um Predicado Verbo-Nominal.
Ouvindo isso, os outros verbos murcharam a bola e foram trabalhar em suas orações. O estudante, que assistira entusiasmado um tratado de Sintaxiologia, saiu animado para uma prova de Análise Sintática.

Batalha intelectual !!

Batalha intelectual !!

É trabalho poético e sem honorário
Eu luto até com as silabas tônicas
Das palavras e as troco, conforme
A ideia do meu tema perseguido!

É uma dura batalha como disse Onário:
-É vasculhar várias selvas amazônicas!
E só, fico a penar numa canseira enorme
E me rasgo numa luta intelectual comigo,

O real sentimento é sempre indizível!
Os vocábulos fazem o que pode nas lavras
Para interpretar o interior do ser humano!

Porém, diante do obstáculo intransponível,
Me disse Onário: - É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar o silêncio do mundano!!
(Ademar Oliveira de Lima)

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A virose !!

A virose !!

- Por que essa cara, Professor?

- Seu texto está doente...

- Como?? Não sabia que existia doença num texto!

- Seu texto está acometido de queísmo e ocaso é grave.

- O estado dele é grave... quem imaginava isso...

- Nada que uma boa dose de atenção e alguns exames não resolvam!

- Nunca ouvi falar dessa doença!

- São várias as doenças e bem comum entre alunos do Ensino Fundamental e até, quando não bem tratadas, resistem até o Ensino Médio...

- Alguns textos já morreram por causa dessa doença?

- Sem dúvida! Alguns não conseguiram ser lidos nem até a metade!

- E como morre um texto?

- Morre no abandono, morre à mingua, corroído pelas traças ou sucumbe no lixão.

- E quais são os sintomas de um texto com essas doenças?

- É comum esses textos apresentarem o uso excessivo do “que” e do “mas” e até do “mais”, o que denota uma falta de atenção muito grave de quem está construído o texto, revela uma falta de leitura do próprio rascunho. Vejamos o seu texto, por exemplo: “ Ele gostava do brinquedo, “mais” o deixava de lado.” - Nesse trecho já aparece um sintoma grave...

- Sério??

- Perceba que estamos diante de um Período Composto (duas orações) e que tem, como elemento de ligação das orações, uma conjunção que estabelece um ideia de contrariedade, portanto uma “conjunção coordenativa adversativa” o “mas” e se verificarmos na frase veremos que você não passa ao leitor a idéia de contrariedade: a pessoa gostava do brinquedo, porém, por um motivo ou outro, deixava-o de lado. Assim sendo, no seu texto ao aparecer a palavra “mais” mudou o sentido. Ela tem outra função, não a de estabelecer a contrariedade.

- É isso mesmo, Professor, eu nem tinha percebido!

- Tecnicamente chamamos isso de influência da oralidade, o grande vírus causador dessas doenças...

- O que é essa tal de oralidade, Professor?

- É o falar coloquial, usado pela pessoas no cotidiano, é perceptível na fala de qualquer indivíduo...

-Então todos têm vírus, até o Professor?

-Sim, e por isso é preciso estar atento e não deixa-lo tomar conta da linguagem escrita. Mas essa situação é mais acentuada entre os alunos de classes sociais menos favorecidas.

- Por quê?

- Porque há uma despreocupação com as regras da língua, e isso acaba influenciando a linguagem escrita. Normalmente, os estudantes dessas classes têm pais com baixa escolaridade, por isso lêem pouco, não assinam jornal e tem pouco contato com outro veículo de informação, a não ser a TV, que nesse sentido ajuda pouco. Assim o nível de informação é menor e os erros na linguagem escrita tornam-se constantes, pois são repetições da linguagem oral.

- E não tem solução?

- Do jeito que anda a educação e a situação econômica é bem provável que o problema se mantenha como uma herança de geração para geração.

- Hum...Entendo! Puxa é importante essa questão da linguagem escrita. Mas voltando ao meu texto o que mais ele tem Professor?

- Bem ele apresenta ainda o uso excessivo da conjunção “mas”, onze vezes! O que chamamos de texto sanfona: um vai-e-vem provocado pelas contrariedades expressas por essa conjunção. Os alunos que fazem esses textos são verdadeiros sanfoneiros...

- É o meu caso!...

- Sem dizer que o seu texto apresenta o “queísmo”: O exagero no uso dos quês.

- O que é que tem? A oralidade de novo?

- Sim. Veja bem, essa palavra é usada como um facilitador mais importante na comunicação, pois uma de suas principais funções é a de relacionar com os outros ou com os termos anteriores. Em gramática é chamado de pronomes relativos...

- Relativo a algo, significa palavra anteriores!?

- Isso mesmo, mas pode aparecer com outras funções, na verdade são 27 funções segundo o Professor José Perea Martins.

- Nossa! Que palavra importante!!

- Ela é tão importante que, para usa-la, devemos pensar se realmente ela é necessária naquele lugar, pois poderemos precisar dela com uma importância maior em outros trechos.

- Sabe Professor a partir de hoje, vou prestar mais atenção nas aulas de Redação. Até então eu só copiava os rascunho, nem ligava para o “quê” e o “mas” da vida...

- Pois então comece agora!

- Com prazer Professor!

- E com poucos “quês” !!
(Santiago Derin)